#0235 - Justiça?


A primeira vez em que fui assaltado, sabiamente não reagi. Mas não puder conter depois em meu desabafo a vontade de dar um tiro na cara do bandido, dar uma surra nele, usar de técnicas de tortura e afins.

Descarregada essa pilha, vi que eu realmente não queria nada disso, afinal o cara só me roubou um boné bonitão da minha coleção que já marcava mais de 100 bonés, então tirando o valor do boné (que não saiu do meu bolso porque tinha sido presente), o valor sentimental nele agregado (exatamente por ter ganhado de uma amiga querida) e o constrangimento do momento (praticamente nulo na hora. Estava bem anestesiado primeiro por ter realizado uma ótima apresentação no colégio, coisa rara nessa época e tinha zerado o CastlevaniaSymphony of the Night do PSX em um start depois de 1 mês) que praticamente se resumiu a estragar essa noite fantástica na vida de um adolescente.

Anos mais tarde, ampliei minha visão humanista da vida, compreendi a dimensão do outro, a alteridade  e sinceramente vi que essas coisas sempre acontecerão enquanto a ideia de valor estiver agregado à algo.
Logo os bens foram gradativamente se mostrando relevantes e efêmeros e passei analisar melhor as coisas para dar o devido valor a cada uma delas para evitar atitudes descompensadas como de anos atrás e esse pensamento foi me levando a querer ter menos coisas, depois só o essencial e por aí vai.

Não consegui me libertar da ideia de posses e valores totalmente, mas com certeza, evito estragar meu dia por causa de eventos como esses e suas relações.

Mas acho engraçado que ainda hoje tem gente que se sentiria realizado com o código de Hamurabi ou pelo menos somente com a lei de Talião onde vale a máxima "olho por olho, dente por dente" E se um banguelo leva uma mordida, não é verdade? Como fica?
Piadas à parte, vejo que esse pensamento é ainda mais visado nos lugares onde a lei e a justiça não chegam. O ordenamento jurídico brasileiro é muito bom, só deveriam fechar mais frechas, mas enfim. Em lugares assim, o linchamento é justo? Na ausência e ou morosidade do sistema jurídico oficial, o paralelo vale?